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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Peça teatral-A DENGUE



JOCA – (entra) Oi pessoal!

CLARINHA – (entra) Oi pessoal!

JOCA – Oi pessoal!

CLARINHA – Oi pessoal!

JOCA – Gente: hoje eu tenho uma novidade pra vocês!

CLARINHA – Êba!

JOCA – Daqui a pouco nós vamos contar uma história superlegal pra vocês!

CLARINHA – Joca.

JOCA – É daqui a pouco, hein?

CLARINHA – Joca.

JOCA – (sem ouvir) Vai ser uma história superlegal!

CLARINHA – Joca.

JOCA – Nós só estamos esperando a Carol chegar!

CLARINHA – Joca!

JOCA – O que foi, Clarinha?

CLARINHA – A Carol não vem hoje.

JOCA – Como assim “a Carol não vem hoje”?

CLARINHA – Assim: a Carol não vem hoje.

JOCA – Mas Clarinha: ela disse que vinha.

CLARINHA – Eu sei, Joca. Mas agora a Carol não vem mais,

JOCA – Ô gente sem responsabilidade, viu? Aposto que ela está jogando joguinho. Ou então está no shopping fazendo compras.

CLARINHA – Não é nada disso, Joca.

JOCA – Eu conheço a Carol, Clarinha. Ela adora ficar no computador, lá no facebook.

CLARINHA – Joca: a Carol está doente.

JOCA – (sem perceber) Aí: não falei? Não falei? Aí, ó: eu sabia!

CLARINHA – Joca: a Carol está doente.

JOCA – Eu sabia... (cai em si) Ela está doente?

CLARINHA – É, Joca. A Carol está com dengue.

JOCA – Coitadinha.

CLARINHA – E você aí, julgando a coitadinha, né?

JOCA – (sem jeito) É mesmo...

CLARINHA – Foi por isso que Jesus disse: não julgue para não ser julgado.

JOCA – É, Jesus tinha razão, viu? Que vergonha...

CLARINHA – Ah, Joca...

JOCA – A Carol doente e eu aqui pensando mal dela...

CLARINHA – Pois é, Joca: é preciso evitar conclusões precipitadas.

JOCA – Mas como aconteceu isso com a Carol, Clarinha?

CLARINHA – O mosquito da dengue picou a Carol. E agora ela está muito mal, com febre e dores no corpo.

JOCA – Coitada. Ela devia colocar areia nos pratinhos de flores. Assim o mosquito da dengue não nascia na casa dela.

CLARINHA – Joca: a mãe da Carol sempre coloca areia nos pratinhos de flores.

JOCA – Então ela devia também tapar os ralos e não deixar pneus na chuva. Assim o mosquito da dengue não nascia na casa dela.

CLARINHA – Joca: a mãe da Carol faz tudo isso. Ela toma muito cuidado para não ajudar o mosquito da dengue.

JOCA – Mas Clarinha: se a mãe da Carol coloca areia nos pratinhos de flores, tampa os ralos da casa, não deixa pneus na chuva, … deixa garrafas na chuva?...

CLARINHA – Não, Joca: ela não deixa garrafas na chuva. Ela toma todo cuidado.

JOCA - …então: se ela não deixa garrafas na chuva, e toma todo cuidado, eu pergunto: como é que o mosquito da dengue nasceu na casa dela? Hein? Hein?

CLARINHA – Joca: o mosquito da dengue nasceu na casa da vizinha dela.

JOCA – Clarinha: agora é você que está julgando as pessoas.

CLARINHA – Não estou não, Joca.

JOCA – Ah, está sim. Como é que você sabe onde o mosquito nasceu? Você perguntou pra ele?

CLARINHA – Não, Joca.

JOCA – A Carol perguntou pra ele?

CLARINHA – Não, Joca.

JOCA – Viu? É isso que eu chamo de julgar as pessoas. Ou melhor: é isso que eu chamo de julgar o mosquito.

CLARINHA – Não é nada disso, viu Joca?

JOCA – Ah, não é não é?

CLARINHA – Não. Acontece que a casa da vizinha da Carol está fechada há alguns meses. E no quintal da casa tem pneus, garrafas abertas e vasos com pratinhos juntando água. E criando mosquitos da dengue.

JOCA – E por que ninguém faz nada?

CLARINHA – É que a dona da casa se mudou e a casa fica fechada. Assim ninguém pode entrar para acabar com o mosquito da dengue.

JOCA – Puxa vida!

CLARINHA – Estão tentando falar com a dona da casa. Mas está difícil encontrá-la.

JOCA – Clarinha: isso não é justo! A vizinha cria mosquito e a Carol é que pega dengue!? Puxa vida, viu?

CLARINHA – Pois é, Joca. E tem mais um vizinho ali com suspeita de dengue.

JOCA – Quem, Clarinha?

CLARINHA – É o Luquinhas, irmão do Bruno.

JOCA – Coitado do Luquinhas! Ele só tem dois aninhos!

CLARINHA – É, Joca. O mosquito da dengue é fogo!

JOCA – Clarinha: isso tem que acabar. Daqui a pouco o bairro inteiro vai estar com dengue.

CLARINHA – Eu sei, Joca. Mas pra isso acabar só tem uma solução.

JOCA – Qual, Clarinha?

CLARINHA – Cada um tem que fazer a sua parte. Não pode deixar pneus na chuva...

JOCA - ...nem garrafas abertas...

CLARINHA - ...nem pratinhos de vaso com água...

JOCA - ...e nem ralos abertos.

CLARINHA – Todo mundo precisa fazer a sua parte.

JOCA – Todo mundo tem que ajudar.

CLARINHA – A saúde dos outros também depende de nós.

JOCA – É mesmo, Clarinha.

CLARINHA – A saúde pública é problema dos governos e de todos nós.

JOCA – Que a saúde se difunda sobre a terra!

CLARINHA – É isso aí, Joca!

JOCA – Então: quem vai ajudar a combater o mosquito da dengue levante a mão!

CLARINHA – Eu!

JOCA – Quem vai ajudar levante a mão!

CLARINHA – Eu!

JOCA – Então tá combinado, hein gente?

CLARINHA – Tá super combinado!

JOCA – Ei, Clarinha: a gente podia visitar a Carol, né?

CLARINHA – Boa ideia, Joca!

JOCA – Então tchau pra vocês!

CLARINHA – Tchau!

JOCA – Tchau pra vocês!

CLARINHA – Tchau!

(saem de cena)


Autor: Emílio Carlos.


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